HOME Notícias

Notícias

Fique por dentro do que acontece na ISJB...

Coroa do advento
Advento: Recordação anual do nascimento do Messias em Belém!

Veni Domine Iesu

 

A Liturgia é a celebração do Mistério Pascal de Cristo. Em volta deste núcleo fundamental da nossa fé, celebramos no Ano Litúrgico a memória do Ressuscitado na vida de cada pessoa e de cada comunidade.

 

O Ano Litúrgico “revela todo o mistério de Cristo no decorrer do ano, desde a Encarnação e Nascimento até a Ascensão, ao Pentecostes e à expectativa da feliz esperança da vinda do Senhor” (SC, n. 102.).  Ele assim nos propõe um caminho espiritual, ou seja, a vivência da graça própria de cada aspecto do Mistério de Cristo, presente e operante nas diversas festas e nos diversos tempos litúrgicos (cf. NALC, N.1). No Ano Litúrgico compreende-se dois tempos fortes: O ciclo Pascal, tendo como centro o Tríduo Pascal, a Quaresma como preparação e o Tempo Pascal como prolongamento; o ciclo do Natal, com sua preparação no Advento e o seu prolongamento até a festa do Batismo do Senhor. Além destes dois, temos o tempo comum.

 

O Advento celebra a vinda de Jesus Cristo no tempo e na história dos homens, para trazer-lhes a salvação.  É, portanto, o tempo da expectativa, e o cristão é chamado a vivê-lo em plenitude para poder receber dignamente o Senhor no momento em que vier. O tempo do Advento é tempo de esperança porque Cristo é a nossa esperança (I Tm 1, 1); esperança na renovação de todas as coisas, na libertação das nossas misérias, pecados, fraquezas, na vida eterna, esperança que nos forma na paciência diante das dificuldades e tribulações da vida, diante das perseguições.

Tal como acontece com a Páscoa, o Natal tem, igualmente um tempo de preparação, chamado Advento, que significa chegada, vinda. A origem do Advento vai sendo configurada do século IV ao século VI, com duas perspectivas: espera da vinda do Senhor na glória do fim dos tempos e sua vinda imediata com o nascimento no Natal. O atual Advento da liturgia romana conserva os conteúdos e as temáticas tradicionais:

O tempo do Advento tem uma dupla característica: é o tempo de preparação para a Solenidade do Natal, na qual se recorda a primeira vinda do Filho de Deus entre os homens, e, contemporaneamente, é o tempo em que, por meio dessa recordação, o espirito se volta para a espera da segunda vinda de Cristo no fim dos tempos[1].

 

Daí que o Advento seja o tempo que nos exorta a cultivar as atitudes evangélicas fundamentais, como a vigilância alegre e, na oração, a esperança e a conversão. O tempo do Advento é um chamado à conversão para preparar os caminhos do Senhor que vem e que incita todo ser humano a preparar-se para recebê-lo.

O Catecismo da Igreja Católica nos ajuda a meditar sobre o tempo de espera que é o Advento e não apenas em relação à preparação para celebrar o Santo Natal, mas também para a vinda definitiva de Jesus, que faz parte, afinal, do mesmo mistério: a nossa vida toda é advento, é espera pelo encontro eterno com o Deus que vem a nós e nos leva a Si.

A vinda do Filho de Deus à terra é um acontecimento de tal imensidão que Deus quis prepará-lo durante séculos. Ritos e sacrifícios, figuras e símbolos da “Primeira Aliança”, tudo Ele faz convergir para Cristo; anuncia-o pela boca dos profetas que se sucedem em Israel. Desperta, além disso, no coração dos pagãos a obscura expectativa desta vinda. (CATECISMO DA IGREJA CATOLICA, 1997, p. 147. N. 522)

             

No tempo do Advento, a liturgia romana celebra o desígnio de salvação com que Deus misericordioso chamou os patriarcas e os uniu a si numa aliança de amor, deu-lhes a lei por Moisés, suscitou os profetas, escolheu a Davi, de cuja raça nasceria o Salvador do mundo. Os livros do Antigo Testamento, enquanto profetizaram a vinda de Cristo, “mais claramente põem em luz, pouco a pouco, a figura da mulher, Mãe do Redentor” (LG, n. 55).

           

Advento é espera, expectativa que é ao mesmo tempo esperança. O Advento leva-nos a compreender o sentido do tempo e da história como “kairos”, como ocasião favorável para a nossa salvação. O Advento é o tempo que nos foi dado para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, para reconhecê-lo nos irmãos e para aprender a amar. Jesus explicou essa realidade misteriosa mediante muitas parábolas: na narração dos servos convidados a esperar o retorno do dono; na parábola das virgens que esperaram o esposo; ou naquelas da sementeira e da colheita.

No Advento, precisamos nos questionar e aprofundar a vivência da pobreza. Não pobreza econômica, mas principalmente aquela que leva a confiar, se abandonar e depender inteiramente de Deus e não dos bens terrenos. Pobreza que tem n'Ele a única riqueza, a única esperança e que conduz à verdadeira humildade, mansidão e posse do Reino.

           

A esperança marca o caminho da humanidade, mas para os cristãos ela é animada por uma certeza: o Senhor está presente no fluxo da nossa vida, acompanha-nos, e um dia enxugará também nossas lágrimas. Um dia, não obstante, tudo encontrará o seu cumprimento no Reino de Deus, Reino de justiça e de paz. “O Advento é o tempo que nos é concedido para acolher o Senhor que vem ao nosso encontro, também para verificar o nosso desejo de Deus, para olhar em frente e nos preparar ao regresso de Cristo. Ele voltará a nós na festa do Natal, quando fizermos memória da sua vinda histórica na humildade da condição humana; mas vem dentro de nós todas as vezes que estamos dispostos a recebê-lo, e virá de novo no fim dos tempos para ‘julgar os vivos e os mortos’. Por isso, devemos estar vigilantes e esperar o Senhor com a expectativa de o encontrar” (Papa Francisco) .

           

Existem modos muito diferentes de esperar. Se o tempo não foi preenchido por um presente dotado de sentido, a espera corre de se tornar insuportável; se se espera algo. Mas nesse momento não há nada, ou seja, se o presente permanece vazio, cada instante que passa parece exageradamente longo, e a expectativa transforma-se num peso demasiado grave, porque o futuro permanece totalmente incerto. Ao contrário, quando o tempo é dotado de sentido, e em cada instante compreendemos algo de especifico e de válido, então a alegria da espera torna o presente mais precioso.

O Natal será festa de verdadeira alegria, de profunda paz e renovada comunhão entre os homens, na medida em que houver uma autêntica e profunda preparação espiritual. As quatro semanas do Advento que terminam na Festa do Natal são, para nós cristãos, uma fonte de espiritualidade, uma bússola capaz de dar rumo e sentido a nossas vidas.

É preciso viver intensamente o presente, em que já nos são concedidos os dons do Senhor, vivamo-lo projetados para o futuro, um porvir repleto de esperança. Deste modo, o Advento cristão torna-se ocasião para despertar em nós o autêntico sentido de espera, voltando ao coração da nossa fé que é o mistério de Cristo, o Messias esperando durante longos séculos e nascido na pobreza de Belém.

O tempo santo do Advento começa com as vésperas do domingo mais próximo ao 30 de novembro e termina antes das vésperas do Natal. Os domingos deste tempo se chamam 1º, 2º, 3º, e 4º do Advento. Os dias 16 a 24 de dezembro tendem a preparar mais especificamente as festas do Natal. A cor dos paramentos do altar e as vestes do sacerdote é o roxo, igual à da Quaresma, que simboliza austeridade e penitencia.

 

Temos quatro semanas nas quais de domingo a domingo vamos nos preparando para a vinda do Senhor, assim sendo: A liturgia do primeiro Domingo do Advento convida-nos a equacionar a nossa caminhada pela história à luz da certeza de que "o Senhor vem". Apresenta também aos crentes indicações concretas acerca da forma que devem viver esse tempo de espera. O Evangelho convida os discípulos a enfrentar a história com coragem, determinação e esperança, animados pela certeza de que "o Senhor vem". Ensina, ainda, que esse tempo de espera deve ser um tempo de "vigilância" isto é, um tempo de compromisso ativo e efetivo com a construção do Reino.

No segundo domingo de Advento constitui um veemente apelo ao reencontro do homem com Deus, à conversão. Por sua parte, Deus está sempre disposto a oferecer ao homem um mundo novo de liberdade, de justiça e de paz; mas esse mundo só se tornará uma realidade quando o homem aceitar reformar o seu coração, abrindo-o aos valores de Deus.

O terceiro Domingo do Advento garantem-nos que Deus tem um projeto de salvação e de vida plena para propor aos homens e para os fazer passar das “trevas” à “luz”. O Evangelho apresenta-nos João Batista, a “voz” que prepara os homens para acolher Jesus, a “luz” do mundo. O objetivo de João não é centrar sobre si próprio o foco da atenção pública; ele está apenas interessado em levar os seus interlocutores a acolher e a “conhecer” Jesus, “aquele” que o Pai enviou com uma proposta de vida definitiva e de liberdade plena para os homens.

 

A liturgia do último Domingo do Advento refere-se repetidamente ao projeto de vida plena e de salvação definitiva que Deus tem para oferecer aos homens. Esse projeto, anunciado já no Antigo Testamento, torna-se uma realidade concreta, tangível e plena com a Encarnação de Jesus. O Evangelho refere-se ao momento em que Jesus encarna na história dos homens, a fim de lhes trazer a salvação e a vida definitivas. Mostra como a concretização do projeto de Deus só é possível quando os homens e as mulheres que Ele chama aceitam dizer “sim” ao projeto de Deus, acolher Jesus e apresentá-lo ao mundo. Maria é figura central, e sua espera é modelo e estímulo da nossa espera.

Por fim, o Advento apresenta o Deus da libertação que entra nos corações dos homens, o protetor da causa dos pobres e oprimidos. A missão, à luz do advento, suscita esperança dos fracos e humildes e não apoia os poderosos deste mundo. Ele nos faz compreender o mistério salvífico e ajuda-nos a empenhar-nos no anúncio e testemunho do Reino de Deus. Na sua dimensão espiritual, a liturgia do Advento é um convite ao cristão a viver a expectativa vigilante e alegre do Senhor que vem, a esperança, a conversão e a pobreza. Portanto, é uma espiritualidade que remete para aquilo que é essencial na vivência cristã.

 

Que mais uma vez o Natal do Senhor reanime as esperanças em todos aqueles que tem na fé a fonte maior para alimentar a sua sede de vida. Que a benção de Deus seja a boa e profunda preparação de muitos para este Natal, pois “Nasceu para vós o Salvador” (Lc 2,11). Feliz Natal a todos! Que a Bem-Aventurada e sempre Virgem Maria, discípula fiel do seu Filho, nos conceda a graça de viver este tempo litúrgico vigilantes e diligentes na esperança.

 

Edilson Agreson da Silva, sdb.

Memória Facultativa da dedicação das

Basílicas de São Pedro e São Paulo, Apóstolos.

 

MATERIAL CONSULTADO E INTERNET:

BÍBLIA – Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2002.

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. 3ª. ed. Petrópolis: Vozes; São Paulo: Paulinas, Loyola, Ave-Maria, 1993.

CONFERENCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL. Diretório da Liturgia e da organização da Igreja no Brasil 2021. Brasília. Ed. CNBB, 2020.

CONSELHO EPISCOPAL LATINOAMERICANO – CELAM. Manual de liturgia 1: A celebração do Misterio Pascal – Introdução à celebração litúrgica. São Paulo: Paulus, 2004.

SACROSSANTUM CONCILIUM. Documentos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Paulus: São Paulo, 1997.

https://www.a12.com/redentoristas/noticias/redentoristas/espiritualidade-do-advento-e-a-preparacao-para-o-natal

https://azambuja.org.br/blog/o-advento-origem-espiritualidade-e-celebracao/

https://www.vaticannews.va/pt/papa/news/2018-12/papa-francisco-advento-essencial.html

https://www.dehonianos.org/portal/04o-domingo-do-advento-ano-b0/


[1] Normas universales sobre el año liturgico...39.