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Leonardo Tadeu, SDB
Partilha Missionária na região amazônica – “De graça recebestes, de graça deveis dar!” (Mt 10,8)

Olá, meus queridos irmãos SDB, membros da nossa Família Salesiana e todos os nossos colaboradores, amigos e amigas de nossa Inspetoria São João Bosco!

Com muita alegria e saudades escrevo novamente um pouco daquilo que estou vivendo na minha experiência missionária aqui em São Gabriel da Cachoeira, em nossa “querida Amazônia”, como um gesto de carinho, fraternidade e partilha com todos vocês. Além disso, desejo que minhas simples palavras possam, com a força do Espírito Santo, abrasar e animar ainda mais o coração de discípulos-missionários de cada um de nós, fortalecer nosso amor pela missão salesiana e nossa gratidão por todo bem que nossa Congregação faz nas várias partes do mundo.

 

Quero destacar dessa vez o trabalho que realizamos! Estamos ainda nesse difícil contexto de pandemia, mas, aqui, em São Gabriel - AM, vivemos uma progressiva melhora e relaxamento das medidas de isolamento, visto que grande parte da população já foi vacinada e não se tem mais doentes graves na cidade.

 

Nossa comunidade salesiana em São Gabriel tem duas finalidades muito claras: 1ª) Obra social – Oratório e Centro de Formação Indígena (CFI) e 2ª) Apoio logístico às missões do Alto Rio Negro e aos missionários. A primeira finalidade compreende nosso trabalho direto com a juventude gabrielense que, diariamente, frequenta nosso Oratório e encontra em nossa casa um espaço para brincar, se divertir e conviver de maneira saudável com seus amigos e colegas. Os jovens daqui amam o esporte, especialmente a paixão nacional que é o futebol. Como a cidade não oferece muitas opções de lazer e esporte, a garotada se faz presente em nossa obra durante todo o tempo que estamos em funcionamento e reclamam muito quando chega o horário de encerrar as atividades do dia. Uma média de 100 a 150 jovens passam por nossa obra diariamente nesse tempo de pandemia, visto que reduzimos nossa capacidade de acolhida e reorganizamos nossas atividades com o intuito de evitar aglomerações. O CFI visa acompanhar e acolher os jovens indígenas que desejam fazer um acompanhamento vocacional e serem ajudados na elaboração de um Projeto de Vida. Além disso, oferece aulas de língua portuguesa, acompanhamento espiritual e psicológico e gradual inserção na vida salesiana. Atualmente, acompanhamos 4 jovens.

 

A segunda finalidade de nossa presença trata-se do cuidado logístico com as nossas missões que ficam mais no interior, especialmente Maturacá (com o povo Yanomami) e Iauaretê (no “triângulo tukano”). Nessas realidades missionárias, não existe comércio formal e, quando há, os preços são extremamente elevados. Sendo assim, toda a compra de alimentos, produtos de higiene, materiais para reparos e combustível para as embarcações usadas nas “itinerâncias” (visitas pastorais às comunidades ribeirinhas) e para a produção de energia elétrica via gerador são realizadas aqui em São Gabriel e, depois, enviadas por nós, via transporte fluvial, até essas localidades. Trata-se de um trabalho braçal bastante intenso, porque temos que comprar e, depois, carregar muito peso até as embarcações que vão levar esses produtos para os nossos irmãos viverem e trabalharem nas missões. Carregamos sacos de alimento, caixas de isopor com carnes e vários “carotes” (vasilhames de plástico para transporte de líquidos) de 50L de combustível cada. Além disso, nossa casa tem vários quartos, sempre disponíveis e preparados para hospedar os irmãos missionários que estão de passagem por São Gabriel, seja indo ou voltando das terras de missão.

 

Todo esse trabalho é bastante cansativo, exigente e duro, como, na realidade, toda a nossa missão salesiana em qualquer parte do mundo tem seus desafios e dificuldades. Porém, a graça de Deus e a consciência do bem e do serviço aos jovens que estamos realizando nos fortalece e anima a cada novo dia. O trabalho aqui em São Gabriel me ensina a humildade, porque ocupamos a maior parte do nosso tempo com trabalhos simples, feitos pela gente mais humilde e pobre. Assim, partilhamos a realidade do nosso povo e experimentamos na pele o cansaço e o suor do povo trabalhador. E ainda aprendo aqui a gratuidade, porque nossa principal ocupação trata-se de trabalhos em prol dos outros irmãos que estão nas frentes missionárias mais difíceis. Desgastar-se em benefício do próximo!

 

Peço que rezem por nós, meus queridos e queridas, e contem sempre com nossas humildes preces elevadas até Deus aqui no seio da nossa Amazônia por vocês e pelo trabalho apostólico de nossa Inspetoria São João Bosco.

 

Em Jesus, nosso irmão e amigo, estamos sempre unidos e em comunhão!

 

Por Leonardo Tadeu, SDB.